ANCESTRALIDADE, SOBRENOMES E DISCRIMINAÇÃO: EVIDÊNCIAS A PARTIR DO JOGO ALEMANHA 7X1 BRASIL
Resumo
Este artigo analisa os mecanismos da discriminação com base na ancestralidade dos trabalhadores brasileiros. O estudo utiliza informações de sobrenomes para identificar grupos de ancestralidades e examina se houve discriminação em favor de indivíduos com ancestralidade germânica após a derrota da seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo de 2014. Limitando a nossa análise nos trabalhadores que apenas entraram no mercado de trabalho formal em 2014, antes e depois do jogo em questão, estimamos regressões mincerianas com controles baseados na ancestralidade indicada pelos sobrenomes e modelos probit para a obtenção do primeiro emprego. Os resultados mostram que a vitória da Alemanha teve um impacto positivo nos salários dos trabalhadores com sobrenomes germânicos, mas também resultou em uma redução na probabilidade desses trabalhadores serem contratados. Foram observados impactos menores para trabalhadores com sobrenomes italianos, ibéricos e japoneses, com efeitos positivos para os primeiros e negativo para os japoneses. O estudo contribui para uma compreensão mais ampla dos efeitos econômicos de eventos socioculturais e se relaciona com pesquisas anteriores que exploram os impactos da ancestralidade nos salários e na probabilidade de contratação no mercado de trabalho.