UMA ANÁLISE DESDE O PONTO DE VISTA ECONÔMICO DA LEGISLAÇÃO REFERENTE AO FINANCIAMENTO DA POLÍTICA NO BRASIL

Autores

  • Ana Cláudia Santano PUC-PR

Palavras-chave:

Financiamento da Política, Campanhas Eleitorais, Partidos Políticos, Corrupção, Reforma Política.

Resumo

Resumo: o sistema do financiamento da política no Brasil sempre foi objeto de intensos debates. No entanto, nos últimos tempos, a atuação paralela dos três poderes da República fez com que algumas mudanças radicais incidissem sobre o modelo, com reflexos diretos já para as próximas eleições de 2016. Com base em uma revisão bibliográfica e utilização de dados, pretende-se, por meio da Análise Econômica do Direito, avaliar tais alterações e a sua capacidade de alcançar os objetivos pelos quais a lei n° 13.165/15 foi aprovada, notadamente o combate à corrupção e o saneamento das finanças dos partidos e de candidatos. Ao avaliar os incentivos e as desvantagens oferecidas pela normativa em vigor, verificou-se que, talvez, a legislação reforce um comportamento utilitário por parte dos agentes políticos, além de se distanciar das práticas políticas já tão enraizadas no Brasil. Ao final, conclui-se que, embora se reconheçam os esforços empreendidos para coibir más condutas no financiamento da política, há indícios de que haverá mais problemas do que os já existentes. 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ana Cláudia Santano, PUC-PR

Professora do programa de mestrado em Direitos Fundamentais e Democracia do Centro Universitário Autônomo do Brasil – Unibrasil. Pós-doutora em Direito Público Econômico pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Doutora e mestre em Ciências Jurídicas e Políticas pela Universidad de Salamanca, Espanha. Autora de diversos trabalhos acadêmicos sobre o tema do financiamento político. E-mail: anaclaudiasantano@yahoo.com.br

Referências

ALEXANDER, Herbert. E. Introduction. In: ALEXANDER, Herbert. E.; SHIRATORI, R. (eds.): Comparative Political Finance Among the Democracies. USA: Westview Press, 1994. p. 1-11.

BACKES, Ana Luiza. Legislação sobre financiamento de partidos e de campanhas eleitorais no Brasil, em perspectiva histórica. 2001. Disponível em: <http://pdba.georgetown.edu/Parties/Brazil/Leyes/financiamento.pdf> Acesso em 14 Dez. 2015.

BECKER, Gary S. Crime and punishment: An economic approach. The journal of political economy. v. 76, n° 2, mar./apr., 1968. p. 169-217. Disponível em: http://www.soms.ethz.ch/sociology_course/ becker1968. Acesso em 15 Dez. 2015.

BLANCO VALDÉS, Roberto L.: La Bolsa o la Vida - ¿Deben prohibirse las donaciones anónimas a los partidos políticos?. El País. 18 de diciembre de 2005.

BLIACHERIENE, Ana Carla; RIBEIRO, Renato Jorge Brown; FUNARI, Marcos Hime. Governança pública, eficiência e transparência na Administração Pública. Fórum de contratação e gestão pública – FCGP. a. 12, n° 133, jan. 2013.

BURNELL, Peter. Introduction. In: BURNELL, Peter, WARE, Alan. (eds.): Funding Democratization, UK: Manchester University Press, 1998. p. 1-21.

CAMPOS, Anna Maria. Accountability: quando poderemos traduzi-la para o português?. RAP – Revista de Administração Pública. v. 24, n° 2, p. 30-50. fev./abr. 1990.

CASTILLO VERA, Pilar del: La Financiación de Partidos y Candidatos en las Democracias Occidentales. Madrid: CIS Siglo XXI, 1985.

CHACON, Vamireh. História dos Partidos Brasileiros – Discurso e práxis dos seus programas. 2° ed., Brasília: UnB, 1985.

COASE, Ronald H. The problem of social costs. The journal of Law and Economics. v. III, oct., 1960. Disponível em: http://www.econ.ucsb.edu/ ~tedb/Courses/UCSBpf/readings/coase.pdf. Acesso em 15 Dez. 2015.

COELHO, Margarete de Castro. Sobre o envolvimento de instituições judiciais em disputas políticas: o papel da Justiça Eleitoral Brasileira. In: SANTANO, Ana Claudia; SALGADO, Eneida Desiree. Direito eleitoral: Debates Ibero-americanos. Curitiba: Íthala, 2014. p. 15-24.

DINIZ, Maria Helena. Compêndio de introdução à ciência do direito. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2001.

DONÁRIO, Arlindo. Análise econômica do Direito – probabilidade umbral. Instituto Nacional de Administração. 2010. Disponível em: http://www.universidade-autonoma.pt/upload/galleries/ probabilidade-umbral.pdf. Acesso em 15 Dez. 2015.

DUTRA, Eloy. IBAD – Sigla da corrupção. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira S.A., 1963.

ESPÍNDOLA, Ruy Samuel. O avanço da justiça eleitoral sobre o resultado das urnas. Disponível em < http://www.conjur.com.br/2012-nov-05/ruy-samuel-espindola-avanco-justica-vontade-urnas> Acesso em 10 Dez. 2015.

FIANI, Ronaldo. Teoria dos jogos. 2ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. p. 35.

FILGUEIRAS, Fernando. Além da transparência: accountability e política de publicidade. Lua Nova. n° 84, p. 65-94. 2011.

FRAZÃO, Carlos Eduardo. A PEC do financiamento empresarial de campanhas eleitorais no divã: a constitucionalidade material à luz da teoria dos diálogos institucionais. Revista Brasileira de Direito Eleitoral – RBDE. a. 7, n. 12, p. 57-69, jan./jun. 2015.

GADAMER, Hans-Georg. Verdade e método – II. Tradução de Enio Paulo Giachini. Petrópolis: Vozes, 2002.

GARCÍA VIÑUELA, Enrique. La Regulación del Dinero Público. Revista Española de Investigaciones Sociológicas - REIS, nº 118, p. 65-95. abr./jun. 2007.

GICO JR., Ivo T. Metodologia e epistemologia da análise econômica do direito. Economic analysis of Law review. v. 1, n° 1, p. 7-33. jan./jun., 2010.

GOMES, José Jairo. Direito eleitoral. 10° ed., rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas, 2014.

GRUENBERG, Christian: El Costo de la Democracia: Poder Económico y Partidos Políticos. Buenos Aires: Capital Intelectual, 2007.

HESSE, Konrad. Elementos de direito constitucional da República Federal da Alemanha. Tradução de Luís Afonso Heck. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris, 1998.

HOROCHOVSKI, Rodrigo Rossi; et al. Redes de Financiamento Eleitoral nas Eleições de 2008 no Litoral do Paraná. Paraná Eleitoral, v. 3, n. 1, p. 103-131. 2014.

http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,gastos-eleitorais-de-2012-superam-r-3-5-bilhoes,966339 Acesso em 15 Dez. 2015.

http://www.ebc.com.br/noticias/brasil/2014/01/um-ano-apos-posse-107-prefeitos-tem-mandato-cassado Acesso em 10 Dez. 2015.

http://www.excelencias.org.br/docs/custo_do_voto.pdf. p. 4. Acesso em 15 Dez. 2015.

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao91.htm Acesso em 14 Dez. 2015.

http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28%28MS+33630%29%29+NAO+S%2EPRES%2E&base=baseMonocraticas Acesso em 14 Dez. 2015.

http://www.tse.jus.br/eleicoes/eleicoes-anteriores/eleicoes-2014/prestacao-de-contas-eleicoes-2014/coligacao-com-a-forca-do-povo-dilma Acesso em 15 Dez. 2015.

http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/POLITICA/486334-DILMA-SANCIONA-ORCAMENTO-DE-2015-COM-AUMENTO-DO-FUNDO-PARTIDARIO-DE-R$-580-MI.html Acesso em 15 Dez. 2015.

http://www2.camara.leg.br/legin/fed/emecon/1960-1969/emendaconstitucional-14-3-junho-1965-364975-publicacaooriginal-1-pl.html Acesso em 12 Dez. 2015.

http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/88802/CPMIPC.pdf?sequence=4> Acesso em 14 Dez. 2015.

LANCHESTER, Fulco. Introduzione: Il Finanziamento della Politica tra forma de Stato e Vincoli Sistemici. In: LANCHESTER, Fulco. (a cura de): Finanziamento della Politica e Corruzione. Milano: Giuffrè, 2000. p. 1-21.

MARSHALL, T. H. Cidadania, classe social e status. Rio de Janeiro: Zahar, 1967.

MARTÍN DE LA VEGA, Augusto. Los Partidos Políticos y la Constitución de 1978. Libertad de Creación y Organización de los Partidos en la Ley Orgánica 6/2002. Revista Jurídica de Castilla y León, nº extraordinario, p. 201-228. enero, 2004.

MILYO, Jeffrey. The Political Economics of Campaign Finance. The Independent Review. v. III. nº 4, [s.l.] p. 537-547. 1999.

MOTTA, Fabrício. Notas sobre publicidade e transparência na Lei de Responsabilidade Fiscal no Brasil. A&C – Revista de Direito Administrativo e Constitucional. a. 7, n° 30, out./dez., 2007.

NASSMACHER, Karl-Heinz. Comparing Party and Campaign Finance in Western Democracies. In: GUNLICKS, A. B. (ed.): Campaign and Party Finance in North America and Western Europe. USA: Westview Press, 1993. p. 233-267.

NASSMACHER, Karl-Heinz. Introduction: Political Parties, Funding and Democracy. In: AUSTIN, R.; TJERNSTRÖM, M. (eds.): Funding of Political Parties and Election Campaigns. Stockholm: International IDEA, 2003.

NEVES FILHO, Carlos. Propaganda eleitoral e o princípio da liberdade política. Belo Horizonte: Fórum, 2012.

O’DONNELL, Guillermo. Accountability horizontal e novas poliarquias. Lua Nova, n° 44, p. 27-48. 1998.

POSNER, Richard A. Values and consequences: an introduction to economic analysis of Law. Disponível em: http://www.law.uchicago.edu/files/files/53.Posner. Values_0.pdf. Acesso em 15 Dez. 2015.

PUTNAM, Robert. Making Democracy Work. USA: Princeton University Press, 1994.

RODRIGUES, João Gaspar. Publicidade, transparência e abertura na Administração Pública. RDA – Revista de Direito Administrativo. v. 266, p. 89-123. mai./ago., 2014.

ROSE-ACKERMAN, Susan. Political Corruption and Democratic Structures. In: JAIN, A. K. (ed.): The Political Economy of Corruption. NY: Routledge, 2001. p. 35-62.

SÁNCHEZ MUÑOZ, Óscar: La Igualdad de Oportunidades en las Competiciones Electorales. Madrid: CEPC, 2007.

SANTANO, Ana Claudia. O financiamento da política – teoria geral e experiências do Direito Comparado. Curitiba: Íthala, 2014.

_____. A proibição das pessoas jurídicas em doar recursos econômicos para as campanhas eleitorais brasileiras: certo ou errado?. In: SANTANO, Ana Claudia; SALGADO, Eneida Desiree. Direito Eleitoral – debates ibero-americanos. Memórias do V Congresso Ibero-americano de Direito Eleitoral e do IV Congresso de Ciência Política e Direito Eleitoral do Piauí. Curitiba: Íthala, 2014. p. 363-382.

SOLER SÁNCHEZ, M.: Campañas Electorales y Democracia en España. Valencia: Universitat Jaime, [s.l.], 2001.

SOUZA, Cíntia Pinheiro Ribeiro de. A evolução da regulação do financiamento de campanhas no Brasil (1945-2006). Resenha Eleitoral. n° 3, jan./jun. 2013. Disponível em: < https://www.tre-sc.jus.br/site/resenha-eleitoral/edicoes/n-3-janjun-2013/integra/2013/06/a-evolucao-da-regulacao-do-financiamento-de-campanha-no-brasil-1945-2006/indexb7dc.html?no_cache=1&cHash=9e86778cb4f0a1ef62855dfd15e012f4> Acesso em 14 Dez. 2015.

SPECK, Bruno Wilhelm. Reagir a escândalos ou perseguir ideais? A regulação do financiamento político no Brasil. Cadernos Adenauer, VI, nº 2. Rio de Janeiro: Fundação KAS, 2005, p. 123-159. Disponível em: < http://www.kas.de/wf/doc/9796-1442-5-30.pdf> Acesso em 12 Dez. 2015.

WEBER, Max: Economía y Sociedad I: Teoría de la Organización Social. México: Fondo de Cultura Económica, 1944.

_____. A Política como Vocação. In: WEBER, Max. Ciência e Política, Duas Vocações. São Paulo: Editora Cultrix, 1996. p. 53-124.

Downloads

Publicado

2020-03-30

Como Citar

Santano, A. C. (2020). UMA ANÁLISE DESDE O PONTO DE VISTA ECONÔMICO DA LEGISLAÇÃO REFERENTE AO FINANCIAMENTO DA POLÍTICA NO BRASIL. Direito Público, 17(91). Recuperado de https://www.portaldeperiodicos.idp.edu.br/direitopublico/article/view/2758