COVID-19 E O SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL BRASILEIRO: DA CRISE SANITÁRIA À VIOLAÇÃO EPIDÊMICA DO DIREITO HUMANO À SAÚDE NO CONTEXTO PRISIONAL
Palavras-chave:
Covid-19, Saúde prisional, Doenças respiratórias, Direitos Humanos, Execução penal.Resumo
O objetivo do presente estudo é identificar as mais recentes evidências científicas sobre a eficácia do atendimento da população privada de liberdade no Brasil em casos de doenças respiratórias, a fim de compreender o grau de atendimento às atuais políticas de saúde prisional diante da ameaça do Covid-19. Foram consultadas as bases de dados SciELO, Oasis e PubMed. Foram incluídos todos os trabalhos que abordaram a atenção à saúde respiratória da população privada de liberdade a partir de 2014, ou seja, após a vigência da última política de atenção à saúde prisional, e que sintetizassem resultados coletados nesse período até os dias atuais. Duas avaliadoras independentes selecionaram os estudos. Observa-se a concentração ainda persistente de tuberculose na população privada de liberdade quando em comparação com o restante da população. A despeito da existência de programas governamentais de enfrentamento da tuberculose nos presídios, a dinâmica institucional dos presídios dificulta a inserção de rotinas de saúde, em razão da ambiência, da segurança e também da gestão prisional em matéria de recursos humanos. Conclui-se que o atendimento de saúde respiratória da população privada de liberdade não se mostra suficiente para assegurar a garantia desse direito e evitar agravos à saúde na eventualidade de contato com o Covid-19.Downloads
Referências
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