Os Livros de Batismo e a Arte de Burlar a Legislação de Proibição do Tráfico Internacional de Escravizados
Uma Análise Documentação Batismal Dentro de um Projeto de História Digital
DOI:
https://doi.org/10.11117/rdp.v19i101.6166Palavras-chave:
Batismo, Escravidão, Abolição, História da África, História DigitalResumo
Este artigo objetiva questionar as razões pelas quais um número significativo de africanos escravizados teve seus batismos registrados na Igreja de Santo Amaro de Ipitanga, apesar de viverem em Salvador, muitas léguas de distância da dita Matriz. A hipótese aberta é de que após o alvará de 1831 (que proibia o tráfico internacional de escravos), senhores de engenho na região de Brotas começaram a batizar seus escravizados em capelas privadas e registrá-los em locais distantes, como a Igreja de Santo Amaro de Ipitanga. Tais atos eram uma estratégia para contornar as leis brasileiras de proibição do tráfico internacional de escravizados. Para a análise de vasta documentação que aborda um período de cem anos, pré e pós proibição do tráfico, utilizamos os dados pessoais de africanos que constam no banco de dados do projeto Freedom Narratives. A análise de trajetórias pessoais e movimentação espacial foi feita a partir de um exame comparativo possível através da metodologia criada pelo projeto para analisar o que se compreende como “big data”.
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