Entre História e Dogmática: Como Pensar a Articulação entre Terra e Direito?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11117/rdp.v21i109.7833

Resumo

Frequentemente, a divisão romana entre direito público e direito privado é projetada em todos os períodos estudados na historiografia jurídica, desde o período colonial até a atualidade. Porém, essa distinção pode dificultar o estudo sobre as relações jurídicas com a terra, não só pela complexidade dessas relações, mas também porque essa divisão nem sempre é adequada para descrever o direito relativo a períodos anteriores ao século XIX, ou inclusive posteriores. A historiografia do direito europeu vem destacando a importância do trabalho de interpretação e manipulação dos textos romanos efetuado pelos juristas medievais. Essa constatação permite enfatizar a historicidade das instituições do direito, que não consistem em categorias fechadas e imaculadas, mas sim em percepções coletivas modificadas e remoldadas ao longo do tempo. É este o caso da noção de propriedade, assim como o de outras noções similares relativas aos direitos reais. No estudo da história dessas relações, é importante evitar a idealização da noção de propriedade, compreendendo, pelo contrário, que os desdobramentos desse conceito a partir do século XVI são resultado de uma experiencia compartilhada em diferentes latitudes. Um olhar atento às diversas dimensões que as relações humanas com a terra englobam permite ver, para além da propriedade, um espaço normativo onde o “público” e o “privado” se confundem. Este dossiê contém trabalhos que aprofundam nessa problematização, apontando novas possibilidades para o estudo jurídico da terra.

PALAVRAS-CHAVE: terras, propriedade, história do direito, público, privado

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Biografia do Autor

Manuel Bastias Saavedra, Leibniz Universität Hannover. (LUH). Hannover (Baixa Saxônia). Alemanha

Professor Associado de História da América Latina na Universidade Leibniz de Hannover, na Alemanha. Seu foco de pesquisa está na história legal e institucional dos impérios espanhol e português. Ele atualmente lidera o projeto IberLAND, financiado pelo Conselho Europeu de Pesquisa. Suas mais recentes publicações incluem o volume Norms beyond Empire Law-Making and Local Normativities in Iberian Asia, 1500–1800, editado por ele e publicado pela Brill em 2021

Camila de Freitas Macedo, Leibniz Universität Hannover. (LUH). Hannover (Baixa Saxônia). Alemanha

Graduada em direito, com mestrado em história e doutorado em história do direito pela Universidade do País Basco (UPV/EHU - Espanha). A sua tese foi sobre as questões jurídicas que afetavam as terras indígenas durante o período imperial no Brasil. Atualmente, é pesquisadora posdoc no projeto IberLAND, onde estuda questões relativas à propriedade da terra nos territórios bascos do norte da Espanha. É também colaboradora no projeto TRANSIDER (Espanha) e do projeto Genealogias das Desigualdades (CNPq).

Sarah Limão Papa, Leibniz Universität Hannover. (LUH). Hannover (Baixa Saxônia). Alemanha

Doutoranda em Direito na Universidade Goethe de Frankfurt am Main, na Alemanha, e pesquisadora no projeto ERC 'IberLAND' na Universidade Leibniz de Hannover, também na Alemanha. Durante o mestrado, sua pesquisa se dedicou à história legal do Brasil colonial, com enfoque nos séculos XVII e XVIII, abordando temas como governança colonial e direito de família. Atualmente, sua pesquisa se concentra em conflitos relacionados a direitos de terra na América Portuguesa.

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Publicado

2024-04-30

Como Citar

Saavedra, M. B., de Freitas Macedo, C., & Limão Papa, S. (2024). Entre História e Dogmática: Como Pensar a Articulação entre Terra e Direito?. Direito Público, 21(109). https://doi.org/10.11117/rdp.v21i109.7833