Ventres Livres, Corpos Cativos

Da Injustiça Urbana à Injustiça Reprodutiva nos Corpos-Território das Mulheres do Conjunto de Favelas da Maré

Autores

  • Ana Paula de Oliveira Sciammarella Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Programa de Pós-Graduação em Ciência Política. Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), Brasil https://orcid.org/0000-0002-4485-5946
  • Moniza Rizzini Ansari Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Programa de Pós-Graduação em Direito. Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), Brasil. https://orcid.org/0000-0001-9057-7150
  • Andrea Catalina Leon Amaya Universidade Federal Fluminense (UFF). Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Direito (PPGSD). Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Programa de Pós-Graduação em Ciência Política. Niterói e Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), Brasil https://orcid.org/0000-0002-1428-0504
  • Andreza Nunes Silva Carvalho Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Programa de Pós-Graduação em Direito. Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), Brasil. https://orcid.org/0000-0002-4613-8270

DOI:

https://doi.org/10.11117/rdp.v21i112.7715

Resumo

Este artigo apresenta uma reflexão sobre o conceito de justiça reprodutiva como uma chave analítica necessária para a compreensão dos direitos reprodutivos e de diagnósticos situacionais sobre no que diz respeito à efetivação desses direitos com base em dados produzidos a partir das experiências de mulheres vulnerabilizadas, periféricas e racializadas. Neste estudo, tem especial relevância a noção de corpo-território, que vincula sujeitos a seus pertencimentos espaciais e considera as experiências corporais de mulheres como indivisíveis do território que habitam. Através das experiências corpo-territoriais de mulheres moradoras do Conjunto de Favelas da Maré, no Rio de Janeiro, propomos interrogar as conexões entre negativas de acesso a direitos sexuais e reprodutivos e contextos de crise do Estado Democrático de Direito, particularmente quanto a um Estado de Coisas Inconstitucional decorrente de falhas estruturais das políticas de saúde do Estado brasileiro que ensejam um quadro de violação sistemática de direitos fundamentais em territórios de favela. Para tanto, partimos de um mapeamento de manifestações de injustiça reprodutiva nesse território que serviu de base para uma petição de amicus curiae encaminhada ao Supremo Tribunal Federal, no processo da ADPF nº 989. Lançando mão da justiça reprodutiva como chave para uma leitura antirracista e interseccional das injustiças observadas na Maré, destacamos a interdependência dos direitos sexuais e reprodutivos e direitos sociais, econômicos e culturais conexos e a necessidade desse olhar ampliado para a manutenção do paradigma do Estado social e democrático de direito no Brasil.

 

PALAVRAS-CHAVE: Justiça reprodutiva; Injustiça territorial; Corpo-território; Mulheres faveladas; Estado de Coisas Inconstitucional.

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Biografia do Autor

Ana Paula de Oliveira Sciammarella, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Programa de Pós-Graduação em Ciência Política. Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), Brasil

Mestre e Doutora em Ciências Jurídicas e Sociais pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Direito da Universidade Federal Fluminense (PPGSD/UFF). Professora da Escola de Ciências Jurídicas (ECJ) e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política (PPGCP) da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Coordenadora do Projeto de Pesquisa e Extensão Diálogos sobre Justiça Reprodutiva: Normas Jurídicas, Políticas Públicas e Práticas de Litígio (DIJURE/UNIRIO). Pesquisadora Jovem Cientista do Nosso Estado (FAPERJ). 

Moniza Rizzini Ansari, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Programa de Pós-Graduação em Direito. Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), Brasil.

Advogada, pesquisadora de pós-doutorado no Programa de Pós-Graduação em Direito da UFRJ (apoio FAPERJ). Doutora em Direito pela Universidade de Londres, Birkbeck School of Law (Doutorado Pleno no Exterior/CAPES). Atua como tecedora, pesquisadora e advogada na Associação Redes de Desenvolvimento da Maré.

Andrea Catalina Leon Amaya, Universidade Federal Fluminense (UFF). Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Direito (PPGSD). Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Programa de Pós-Graduação em Ciência Política. Niterói e Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), Brasil

Pesquisadora de pós-doutorado no Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Direito da Universidade Federal Fluminense (PPGSD/UFF) e no Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (PPGCP/UNIRIO). Colíder do Núcleo de pesquisas interdisciplinares de teorias, atividades e práticas no campo do direito (NUTEAP/UFF) e pesquisadora no Projeto DIJURE/UNIRIO. 

Andreza Nunes Silva Carvalho, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Programa de Pós-Graduação em Direito. Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), Brasil.

Mestre em Direito Constitucional e Teoria do Estado na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Graduada em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pesquisadora colaboradora do Projeto DIJURE/UNIRIO.

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Publicado

2025-01-31

Como Citar

de Oliveira Sciammarella, A. P., Rizzini Ansari, M. ., Leon Amaya, A. C. ., & Nunes Silva Carvalho, A. . (2025). Ventres Livres, Corpos Cativos: Da Injustiça Urbana à Injustiça Reprodutiva nos Corpos-Território das Mulheres do Conjunto de Favelas da Maré. Direito Público, 21(112). https://doi.org/10.11117/rdp.v21i112.7715

Edição

Seção

Dossiê Temático "Justiça Reprodutiva, Democracia e Estado de Direito"