Juridificação da Reprodução

Mobilização do Direito e Atuação do Supremo Tribunal Federal à luz da justiça reprodutiva

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11117/rdp.v21i112.7717

Resumo

O artigo parte da constatação de que a reprodução é marcada, no Brasil, por um processo de juridificação, em que o direito constitui e consolida cada vez mais os discursos, práticas e sentidos relacionados às questões reprodutivas. Compreendendo a juridificação como um processo ambivalente e multifacetado, o trabalho constata a ampliação da participação do Supremo Tribunal Federal nas disputas políticas que mobilizam o direito em temas ligados à reprodução no Brasil recente. O trabalho objetiva, assim, examinar criticamente o papel do Supremo Tribunal Federal na juridificação da reprodução, avaliando se sua atuação efetivamente colabora para o avanço da justiça reprodutiva. A análise jurisprudencial de decisões selecionadas do Tribunal questiona se, em cada caso, há:  ampliação de direitos reprodutivos; considerações de natureza interseccional; recurso a argumentos biológicos; e referência aos impactos desses direitos para toda a sociedade, para além das mulheres. Conclui-se que, embora produza decisões relativamente progressistas em termos reprodutivos, o STF faz, ainda, pouca referência expressa à agenda de direitos reprodutivos, além de mostrar engajamento limitado com questões de sexualidade e raça nos casos centrados em matérias reprodutivas. Nota-se que os discursos dos ministros recorrem, com frequência, a questões biológicas para fundamentar direitos específicos nessa seara, apesar de também se observarem referências aos impactos sociais e culturais da desigualdade de gênero nos votos. Em suma, o conceito de justiça reprodutiva, que enfatiza a interseccionalidade e a variedade das experiências reprodutivas, tem impacto restrito tanto em termos discursivos como no conteúdo das decisões da Corte.

 

PALAVRAS-CHAVE: Juridificação; Direitos Reprodutivos; Supremo Tribunal Federal; Justiça Reprodutiva; Mobilização do Direito.

 

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Biografia do Autor

Marcelo Maciel Ramos, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Programa de Pós-graduação em Direito. Belo Horizonte (Minas Gerais). Brasil.

Professor da Faculdade de Direito da UFMG desde 2012. Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq. Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Direito da UFMG (2023-2025) e do Programa de Extensão Diverso UFMG – Núcleo Jurídico de Diversidade Sexual e de Gênero (desde 2014). É mestre e doutor em Direito pela UFMG, tendo realizado parte de suas pesquisas doutorais no Institut de la Pensée Contemporaine da Université Paris VII (França). Foi pesquisador visitante da Fondation Maison de Sciences de L'Homme (França) em 2013 e da Faculdade de Direito da University of Kent (Reino Unido) em 2015 e 2017. Fez estágio pós-doutoral na condição de professor visitante no Gender, Sexuality and Femininist Studies Department da Duke University (EUA) nos anos de 2019 e 2020.

Gabriela Alkmin, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Programa de Pós-graduação em Direito. Belo Horizonte (Minas Gerais). Brasil.

Doutoranda em Direito na Universidade Federal de Minas Gerais, atualmente realizando período de pesquisa na Université Paris Nanterre e na Université Paris 8 Vincennes Saint-Denis, na França, sob supervisão de Éric Fassin, pelo Programa de Doutorado-Sanduíche no Exterior, da CAPES (2024-2025). Mestra (2022) e Bacharela (2019) em Direito pela UFMG. Co-cordenadora do Projeto Observatório de violência contra pessoas LGBT+ (2022-2024), e do Projeto Educação Jurídica para Diversidade Sexual e de Gênero (2022-2024), ambos vinculados ao Programa de Extensão Diverso UFMG, do qual é atualmente extensionista de pós-graduação.

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Publicado

2025-01-31

Como Citar

Ramos, M. M., & Alkmin, G. (2025). Juridificação da Reprodução: Mobilização do Direito e Atuação do Supremo Tribunal Federal à luz da justiça reprodutiva. Direito Público, 21(112). https://doi.org/10.11117/rdp.v21i112.7717

Edição

Seção

Dossiê Temático "Justiça Reprodutiva, Democracia e Estado de Direito"