O Que Há Fora da Caixa do Menor Potencial Ofensivo?

Um Prelúdio à Aplicação da Justiça Restaurativa em Crimes “Graves” Sob as Lentes da Organização das Nações Unidas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11117/rdp.v19i103.6548

Resumo

Recentemente, a Organização das Nações Unidas (ONU) publicou uma nova edição do seu “Manual sobre Programas de Justiça Restaurativa”. Uma grande novidade em relação à edição de 2006 foi a existência de um capítulo inteiramente dedicado ao uso da justiça restaurativa em crimes “graves”. A novidade desperta algumas curiosidades. Por exemplo, finalmente, trataria o novo Manual do encarceramento em massa, da relação que existe entre esse fenômeno e os crimes de droga, dos porquês de isso importar para a justiça restaurativa, da importância do potencial desencarcerador da justiça restaurativa? A resposta a essas indagações, argumentamos, é “não”, e o objetivo central do presente artigo é explicar esse “não”. Nesse sentido, começamos por resumir a razão do surgimento de um interesse global no modelo restaurativo. Depois, apresentamos uma síntese da história da justiça restaurativa na ONU. Discutimos, então, alguns obstáculos à introdução da lógica restaurativa no sistema brasileiro de justiça criminal. Finalmente, buscando provocar reflexões sobre a necessidade de se promover uma justiça restaurativa mais relevante ao Brasil, ensaiamos um diálogo entre ela e um dos crimes graves que mais encarceram no País, o tráfico de drogas. Conclu ímos pela necessidade de reconhecermos as lacunas existente no novo Manual, nominalmente, a ausência de discussões acerca do encarceramento em massa e do (não) lugar do crime de tráfico de drogas nas práticas restaurativas. Destacamos, então, a necessidade de documentos do alcance do novo Manual serem mais intencionalmente responsivos às crises do sistema de justiça próprias de países com uma população de maior vulnerabilidade como o nosso, crises essas ligadas a um contexto de violências institucionais que não podemos ignorar.


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Biografia do Autor

Fernanda Fonseca Rosenblatt, Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP). Recife (PE). Brasil.International Institute for Restorative Practices (IIRP). Estados Unidos

Doutora pela Universidade de Oxford. Mestre pela Universidade Católica de Leuven (Bélgica). Professora do Programa de Pós-Graduação da Universidade Católica de Pernambuco. Professora do Instituto Internacional de Práticas Restaurativas (EUA). Editora de resenhas (Book Review Editor) do The International Journal of Restorative Justice. Membro do Comitê Executivo da Sociedade Mundial de Vitimologia.

Sarah Vieira Rodrigues, Universidade Católica de Pernambuco, Recife (PE), Brasil

Advogada. Pós-graduada pela Faculdade Getúlio Vargas. Bacharel em Direito pela Universidade Católica de Pernambuco, Recife (PE), Brasil

Renata Soares Ramos Falcão, Katholike Universiteit Leuven, Bélgica

Mestranda em Criminologia pela Katholike Universiteit Leuven, Bélgica. Bacharel em Direito pela Universidade Católica de Pernambuco, Recife (PE), Brasil

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Publicado

2022-10-31

Como Citar

Fonseca Rosenblatt, F., Vieira Rodrigues, S., & Soares Ramos Falcão, R. (2022). O Que Há Fora da Caixa do Menor Potencial Ofensivo? Um Prelúdio à Aplicação da Justiça Restaurativa em Crimes “Graves” Sob as Lentes da Organização das Nações Unidas. Direito Público, 19(103). https://doi.org/10.11117/rdp.v19i103.6548